segunda-feira, 23 de julho de 2012

Possível Utopia CAP IV


CAPÍTULO IV




Enquanto Átila se dedicava a publicação de seu livro, aproximava-se a época das eleições.  Algumas instituições de caráter político se uniam em torno da candidatura de Átila, que sequer desconfiava de sua indicação para o Senado Federal.  Dois ou três partidos políticos se esforçavam para inscrevê-lo em suas fileiras, até que o PV conseguiu sua adesão, após algum tempo.    As campanhas eleitorais fundavam comitês por todo o país com propostas de arrecadação de fundos, não para a eleição de Átila, coisa já considerada certa, mas para o lançamento das bases da comunidade futura, na qual se baseava a eleição dele. Para isso é que seria eleito!  Fazia parte da campanha uma série de debates na TV onde se fariam representar vários setores da população civil, esclarecendo-se ali os principais aspectos de toda a organização geral da comunidade.  Vários especialistas em todos os setores necessários se filiavam diariamente ao Partido Verde e os comícios e manifestações pelas eleições dos candidatos de Átila se avolumavam cada vez mais. Listas e listas de inscrições eram divulgadas e procuradas por todas as camadas da sociedade e um grande movimento já se afigurava concretizado antes mesmo da eleição de Átila e seus colaboradores.    Até a imprensa estrangeira se interessava cotidianamente pela campanha do Partido Verde.  Associações estrangeiras se filiavam às nacionais com finalidade de apoio material e humano, colocando-se à disposição do partido.    Era um movimento, agora, sem volta.    Algumas pressões tiveram de ser vencidas, alguns obstáculos foram contornados com habilidade e finalmente a equipe de Átila foi eleita e seu livro divulgado em mais de vinte países.  Sua fama agora já era internacional.  Uma vez empossados nos cargos públicos, vários convênios foram assinados com instituições nacionais e estrangeiras, visando a fundação da nova cidade.  Agora a luta se voltava para a liberação de terras na região escolhida e a autorização de ocupação particular.   Após vigorosos embates políticos no Congresso Nacional foi aprovada a região desejada e a autorização para sua ocupação independente por trinta anos, como plano piloto de desenvolvimento.


Uma comissão de políticos do partido de Átila o acompanhou em viagem de negócio na Europa e outros continentes, onde firmaram acordos econômicos garantindo recursos, máquinas, tecnologia e mão de obra especializada para o início das construções em Sétima Morada.  Após acordo com Fred e Martins, que agora faziam parte de sua equipe, foi morar no sítio da editora com Denise.  Lá repousavam aos fins de semana e planejavam as novas ações, enquanto as construções se iniciavam em Sétima Morada.  Algumas equipes profissionais já se haviam instalado nos canteiros de obra e a região já estava toda demarcada, com túneis cavados, linhas férreas, estradas de rodagem, campo de aviação, cais do porto, um exército de máquinas e tratores, guindastes e trabalhadores da área de construção.  Planejavam agora os vários bairros e áreas específicas da cidade.  As construções não poderiam ter mais do que quatro andares e se instalavam já as redes de água e esgoto nas regiões urbanas e rurais.  A rede elétrica seria subterrânea e as áreas verdes, parques e praças eram preservadas ao máximo.  A cidade estava ficando maravilhosa e moderna, seguindo orientações nacionais e estrangeiras.  A sede do governo, com suas construções administrativas, de ensino e de saúde, era dominada pela grande escola preparatória, gigantesca, com todos os recursos, como se fosse outra cidade dentro da cidade.  Realmente era uma área totalmente independente da cidade. As pessoas poderiam viver ali sem precisar ir à cidade para nada.  Na verdade, é o que deveriam fazer até receberem autorização para morar e habitar a cidade.  Muitas pressões começaram a surgir para que se pudesse já morar na cidade, antes de passar pela escola preparatória e pelo conselho comunitário.  As propostas recusadas levavam as grandes empresas e os interesses econômicos a tentarem boicotar as ações políticas do Partido Verde.  Mas isso não era realmente possível, pois o partido estava muito forte e o projeto inicial só previa o ingresso do pessoal administrativo aprovado pelo conselho, já residente.  A equipe dirigente de Sétima Morada, para fugir um pouco do assédio político, resolveu isolar-se na escola preparatória de lá e verificar como andavam as obras e cuidar para que já pudessem instalar no local as primeiras turmas, já que os instrutores e equipes técnicas já estavam instaladas e com todos os recursos para a inauguração dos cursos.  Átila perdera um pouco de sua jovialidade.  Parecia mais experiente e mais vivido.  Quase não tinha tempo para Denise e a longo tempo não visitava seus filhos. Numa das raras ocasiões em que ficavam à sós, confidenciara a Denise: - Sabe, Denise.  Às vezes fico assustado com toda essa mudança ocorrida em nossas vidas... Onde será que tudo isso vai nos levar? Sinto que estamos mudando muito e que já não somos os mesmos de antes. Você não?  E ela: - Tenho notado você mais ponderado, meio tenso e mais preocupado com tudo.  Acho que precisamos é de umas boas férias, longe dessas preocupações... – Bom seria se pudéssemos nos refugiar no nosso pequeno apartamento para um bom descanso...  – Como a vida é gozada! Agora que só freqüentamos altos ambientes, somos recebidos por autoridades de toda sorte e com todas as mordomias, desejamos a simplicidade do nosso apartamento... Parece que nunca estamos satisfeitos ou que a projeção social acarreta uma carga pesada de responsabilidades.  Nada é de  graça!    Átila abraçou-a e apertou-a contra si.  Disse: - Vamos mudar de ânimo.  Vá se trocar e iremos cavalgar pelo sítio. Vou pedir para selar os cavalos enquanto você se arruma. Quero contar-lhe umas coisas, mas não será aqui...  Nisso, bateram à porta e Synthia falou do outro lado:    - Átila!...   Tem um grupo lá embaixo querendo falar com vocês.  Gente da  pesada.  Creio que são do governo ou tem alguém que é. Vão descer para recebê-los?    E ele:  -  Puxa, cara!  Logo agora...  Nós vamos cavalgar um pouco.    Denise  perguntou se não dava para recebê-los antes da cavalgada.  E ele:  - Não sei.  Acho que não.  Essa gente gosta de uma conversa comprida, cheia de detalhes...  Melhor dizer que não estamos passando bem e remarcar para amanhã.  Assim dizendo, levantou-se e foi abrir a porta para Synthia, pedindo:  - Olha querida, inventa uma desculpa qualquer e marca para amanhã, pois já tínhamos programado sair e agora não vai dar pra mudar nada, tá bom assim?  - Mas Átila!  É gente do governo!  O que vou dizer a eles?  -  Sinto muito, minha cara.  Diga que estamos doentes, sei lá o que vai dizer, mas se lhe der um beijinho encontrará algo para dizer.   Pegou o telefone e solicitou que fossem selados dois cavalos.  Denise correu ao guarda-roupa e escolheu calças de montar e botas para eles.  Vestiam-se alegremente e Átila pediu que ela usasse uma blusa de seda branca com mangas compridas de que ele gostava muito nela.  Ela o atendeu e olhou-se no espelho para ver como estava.  Pediu para que ele a ajudasse com as botas, enquanto se sentava na poltrona do quarto.   Estavam prontos para sair quando ele disse:  -  Agora precisamos achar um jeito de descer sem que nos vejam... Como faremos?   Olhe, pegue o telefone e fale com a Synthia.  Peça para ela dar um jeito de levá-los até a varanda da frente enquanto saímos pelos fundos.  Diga-lhe que o Pedro deverá resolver por mim qualquer necessidade possível, vá!  Quando a barra estiver limpa ela telefona para o quarto avisando...
 
( Continua...) 

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